RTYLM - Capítulo 2 - Boa notícia.

Boa notícia.

2013

Milena

Acordei com pancadas de travesseiros em minha cabeça, que tipo de animal acorda uma pessoa com pancadas de travesseiro? Era a Rafaela (uma das minhas colegas de apartamento), dei um olhar de “Meu, vai se ferrar!”, ela apenas riu.

– Adivinha, adivinha, adivinha? – perguntou-me animada dando pulinhos.

– O que? – perguntei com mau humor e sonolenta. Odiava quando alguém me acordava cedo, gosto só de acordar 12h00min, e era 09h40min da manhã, eu ainda mato essa Rafaela.

– O One Direction já lançou o clipe Little Things – lhe lancei um olhar furioso, pois o clipe já havia saído há algumas décadas atrás, isso que dá ser poser.

– Jura? – perguntei sarcasticamente. – Rafaela, eu juro, da próxima vez que você me acordar, eu mato você – irritei-me, ela apenas me olhou com cara de cú, se é que cú tem cara. Peguei meu edredom e cobri minha cabeça da claridade do quarto. Senti um baque na minha costela, dessa vez era Victória, ela pulou com aquela bunda enorme em cima de mim. Victória era outra que adorava acordar cedo, não sei o que há com essas amigas que eu arranjei que adoram acordar cedo. Descobri-me e a encarei furiosa, ela apenas riu.

– Milena, acorda “fioty” – “Fioty” era um apelido que ela havia dado para mim e Rafaela, ela se considerava a nossa “mãe”, mas de mãe ela não tinha nada, era uma irresponsável.

– Não sei se você percebeu, mas eu já estou acordada! – me exasperei, ela simplesmente me ignorou e começou a puxar meu cabelo – Quantos anos você tem, nove?

– Não, eu tenho 18. Agora levanta logo essa sua bunda dessa cama que eu tenho uma ótima notícia – disse-me com os olhos brilhando de emoção. Fiquei curiosa e sentei-me na cama.

– O que é? – tentei melhorar um pouco o tom da minha voz.

– Agora você quer saber, hein? – brincou me fazendo rir.

– Fala logo, Vicky! – exigi fazendo manha.

– Sabe o Thiago? – Thiago era o namorado de Vicky, os dois faziam um casal bonito, mas eu achava que não era o amor da vida dela, achava que ela precisava procurar alguém melhor, mas fazer o que né? Cada um sabe o que faz.

– O que tem? – questionei impaciente.

– Então o tio dele tem uma casa lá em Londres e...

– Ele vai deixar a gente morar lá com ele e vamos curtir a beça? – interrompi perguntando animada.

– Sua imaginação é bem fértil – fingiu certa preocupação.

– Ah qual é? Fala logo!

– E ele falou, que nós podemos ficar hospedados lá por uns tempos até a gente conseguir moradia e trabalho fixo.

– Mesmo? – perguntei ansiosa.

– Sim! – respondeu-me ansiosa também.

Olhei para a Rafa, e ela ainda estava com cara de cú, pulei em cima dela.

– Ah Rafa, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa...

– Sai de cima de mim! – gritou.

– Só se você me desculpar.

– Tá, eu desculpo você, agora sai da cima de mim! – sai de cima dela, e abracei-a.

– Nós vamos para Londres! – disse para ela animadíssima.

Pulamos na cama, rasgamos os travesseiros, penas pra lá, penas pra cá, o quarto parecia um curtiço. Parecia que morávamos em uma das favelas do Rio, mas foda-se, dia de comemorar é dia de queimar a casa, jogar a Rafa da janela, dar um tiro em alguém, virar gay (exagero), peidar na cara da Dilma (exagero 2). Curtimos até dizer chega.

***

Procurava as chaves do apartamento na minha bolsa – havia voltado do meu curso de fotografia –, minha bolsa estava uma tremenda de uma bagunça. Bem no fundinho vi algo brilhando, peguei a chave e finalmente entrei no apartamento, ele estava deserto, as meninas deviam estar em alguns dos shoppings de São José dos Campos – interior de São Paulo.

Peguei meu notebook e resolvi entrar no facebook, havia séculos que não entrava, não havia nada de bom, só o mesmo de sempre, resolvi postar alguma coisa para não perder o costume. Depois desliguei e fui fazer algo para comer, estava faminta. Após comer uma ótima lasanha a campainha tocou, achei estranho, pois as meninas tinham a chave e o interfone não tocou. Olhei pelo olho mágico era só Lucas, meu namorado. Abri a porta e ele me abriu um sorriso.

– E aí gatinha, tudo beleza? – perguntou-me casualmente.

– Oi Lucas, entra logo.

– Já ficou sabendo da notícia?

– Sim! – respondi animada – Você vai conosco?

– Claro que vou! Vai ser bom arrumar um trabalho em Londres – abriu-me outro sorriso e me deu um beijo. – As meninas estão aqui?

– Não, foram no shopping – respondi e em seguida ele me abriu um sorriso malicioso. Pegou-me no colo, passando as minhas pernas pelas suas costas, deu-me um beijo de tirar o fôlego, e foi se encaminhando para o quarto, jogou-me na cama e em seguida tirou sua camiseta. Então percebi o que ele queria. – Lucas, já disse a você que não estou pronta – disse ofegante. Seu sorriso se desfez e ele me pareceu irritado.

– E quando você vai estar pronta? Depois do casamento? – perguntou-me sarcasticamente, senti meu rosto corar.

– É complicado Lucas, eu simplesmente não estou pronta – respondi meio envergonhada.

– Eu sou homem e tenho minhas necessidades! – gritou irritado. – Faz um ano e meio que nós namoramos. Você está querendo me fazer de palhaço é? – senti que meus olhos estavam se enchendo de lágrimas, mas segurei, não ia mesmo chorar na frente dele. – Estou cansado já de ser rejeitado por você – diminuiu o tom e me olhou cabisbaixo. – Às vezes acho que você ama outra pessoa – não aguentei e comecei a chorar, ele me olhou e se sentiu culpado. Não o culpava por isso, ele estava certo, ainda amava o Niall mas também sentia algo pelo Lucas. Ele me abraçou, e chorei mais ainda. – Me desculpe linda, não queria magoar você. Esquece tudo o que eu disse, eu vou esperar por você, pode acreditar – consolou-me. Ele enxugou minhas lágrimas e me deu outro beijo.

– Quando que nós iremos pra Londres? – perguntei entre soluços.

– Daqui a uma semana.

Tinha uma semana para esquecer o Niall, concertar as coisas com Lucas e me focar em fotografia. O que eu não garantia nada.