6/04/2013

RTYLM - Capítulo 4 - Reencontro.


Reencontro.



Niall

Despertei-me de mais um sonho com ela, sim Milena, precisava tirá-la de minha cabeça. Só que o sonho parecia real.

“Ela estava confusa e perdida, seu olhar parou em mim, mas não conseguia me reconhecer, não parecia estar apavorada. Pareceu-me ter relaxado um pouco. Fiz gestos com as mãos chamando-a para comigo. Como uma hipnose, ela cedeu. Tomei-a em meus braços e nos beijamos rudemente, passava minhas mãos em suas coxas, sentia que a deixava arrepiada, ela arranhava minhas costas com intensidade. Foi quando a vi desaparecer e acordei.”

Aquilo estava se apossando de mim, estava ficando desnorteado, mas mesmo que se eu quisesse fazer algo, não podia, ela estava no Brasil e namorando. Por que ela tinha que me fazer sofrer? Eu a amava tanto, que me dispuseria a pular na frente de um carro, da ponte e até ficar sem comer (sim, milagres acontecem), mas nada que eu fizesse naquele momento iria me trazê-la de volta. Estava tão perdido em meus pensamentos, que nem reparara que os garotos tinham se aprontado para sair, Liam olhou-me com uma cara de desaprovação.

– Você não está pronto ainda? – perguntava zangado.

– Pronto para o que? – estava confuso, havia esquecido algo?

– Para a sessão de fotos em Londres. Vai, vai , vai. Anda, levanta! – ordenou-me, mas não com grosseria, Liam parecia nosso pai, sempre responsável. Havia me esquecido da sessão de fotos em Londres.

– Ah! – soltei um suspiro. – Podem ir sem mim, eu não vou.

– Ah qual é? Vamos Niall, a gente vai tirar fotos! – tentava me animar Zayn.

– E daí?

– Fotos foram as melhores coisas que já inventaram, a gente tira fotos e ficamos uns gatões! Bom, eu fico um gatão – disse-me dando mais uma olhada no espelho.

– Ah não... Sério, podem ir sem mim. Depois eu dou um jeito de tirar a minha parte.

– Tem certeza? – perguntava Liam.

– Sim – bocejei e deitei-me novamente.

– Então tá, vê se não come toda a comida! – gritava Zayn já saindo.

– Não garanto nada! – gritei em resposta.

Esperei ouvir todos saírem primeiro, não que eu fosse um esfomiado, mas comer faz bem, e ficar bem faz bem pra saúde, e ter saúde é igual a ser eu. Corri para a cozinha, abri o forno, nada de bom... Abri o micro-ondas e havia uma porção cheia de batatas-fritas. Soltei um grito “Wow”, incorporei Heart Attack, ri comigo mesmo. Peguei a travessa, e liguei o notebook. Entrei novamente no facebook e chequei o perfil dela.  Depois de admirar sua foto por uns longos minutos, já ia sair para não ficar deprimido, mas ela havia publicado algo que fez meu estômago congelar. Milena estava em Londres, eu estava em Londres, o Nando’s estava em Londres, Milena estava em Londres! Morri, só podia estar no céu. Ouço anjos cantarem “Aleluia”, só podia estar vendo coisas, chequei umas três vezes sua publicação e dizia a mesma coisa:

“Muito lindo Londres, amando essa cidade. Espero que dê tudo certo aqui :D”

Meu deus, eu não estava louco, ela estava mesmo em Londres. Merda, depois da sessão de fotos eu poderia procura-la. Peguei meu celular rapidamente e disquei o número de Paul (segurança da banda), no terceiro toque ele atendeu:

– Alô Niall, algum problema? – perguntava preocupado.

– Não, só me diz uma coisa. Que horas que é a sessão de fotos?

– 13h30min – informou-me rapidamente. Merda, merda, merda! Faltavam 30 min para às 13h30min.

– Ok, obrigada. Vou, ahn, voltar a dormir – enrolei-o.

– Ok, vai lá garoto – desliguei e corri pro quarto, coloquei uma calça saruel bege, uma camisa branca e um tênis vermelho. Escovei os dentes rapidamente, peguei meu celular, certifiquei-me que não estava esquecendo nada e fui para o estúdio de fotografia.

Milena

Ontem passamos um dia bacana em Londres, saímos para conhecer a cidade, tomamos sorvete, comemos no Nando’s, até fomos na London Eye (roda gigante enorme de Londres), foi bem legal. Conhecemos a prima do Thiago, ela se chamava Inara, era filha do Ian, tio de Thiago. Sua aparência era linda, seus cabelos negros davam inveja, eram naturais, e suas pontas eram encaracoladas. Sua pele era branca como a neve (não, ela não era a Branca de Neve), era um pouco mais baixa que nós e tinha a mesma idade que eu, 18. A noite tinha sido agradável, os garotos dormiram em quartos separados dos nossos. Fala sério, esses adultos...

Eu havia acabado de me arrumar, pois vi um anúncio na internet hoje falando que iria ter teste para o cargo de fotógrafa, e como eu acabara de terminar meu curso, resolvi pegar esta oportunidade. Estava com uma roupa agradável e confortável, nada muito vulgar, não queria passar aquele ar de brasileira. Encarei-me no espelho e me senti linda e apresentável, já estava no papo esse emprego.

Olhei no relógio, puta merda, já estava atrasada, o teste começava às 13h30min, e já era 13h15min. Peguei minha bolsa e minha câmera profissional (sim eu sei, I’m sexy and I know it) desci voando e dei um beijo breve em Lucas. Sorte a minha que o Ian tinha motorista, que se ofereceu para me levar. Menos mal.

***

O lugar era bem bonito, as cores eram bem claras, havia mais fotógrafas para o teste. Ai Deus, por quê? Tinha que ter essas barangas viu. Mas, não sei bem o porquê, eu estava confiante em relação ao emprego, sentia ele me chamando e falando “Vem pra mim” (ok, eu estava um pouco drogada), a moça da recepção falou que eu tinha de esperar junto com as outras barangas. Finalmente, depois de uns 5 minutos, o assistente chamou todas as meninas.

– Todas que vieram para o teste das 13h30min, peguem suas câmeras e me sigam – obedeci rapidamente. Comparei minha câmera com a das outras barangas, me senti um lixo, de novo “Ai Deus, por quê?”, essas britânicas... Se elas morassem lá no Brasil só iam levar porrada, cheias de frescuras. Bufei, mas não deixei me abater, peguei minha câmera coloquei-a no pescoço e segui o assistente.

Entramos em um set M-A-G-A-V-I-L-H-O-S-O (não, não é maravilhoso, é magavilhoso mesmo), com bastantes luzes e câmeras. Os artistas que íamos fotografar provavelmente não haviam chegado ainda. O diretor nos chamou e passou as seguintes instruções:

– Vocês irão fotografar uma banda muito famosa, portanto as regras são básicas e claras: Sem plágio, sem chingamentos, sem empurrões e nada de drama. As melhores fotos tiradas ganharão um cargo como auxiliar, e se por acaso alguma de vocês demonstrarem competência, poderão efetivar para o cargo de fotógrafa profissional – dito isso, todas começaram a cochichar e a se garantir. Pela terceira vez “Ai Deus, por quê?”.

Arrumei minha câmera, chequei a bateria, testei a lente e etc. Tivemos uns cinco minutos para nos prepararmos. Depois do sino, infernal por sinal, tocar voltamos para o set. Cada uma escolheu um lugar específico, escolhi ficar na ponta esquerda do set para ter uma visão ampliada.

– Podem manda-los entrar – ordenou o diretor, o assistente assentiu e obedeceu. Meu estômago esfriou, gelou, petrificou, me sentia o abominável homem da neve. Pela quarta vez, “Ai Deus, por quê?”, era a banda One Direction, a banda onde Niall cantava. Eu mereço mesmo viu. A minha sorte é que Niall não estava lá, ufa! Menos mal. As barangas soltaram gritinhos histéricos. Se fossem as brasileiras, teriam agarrado, abusado e até sequestrado eles.

Vi Liam se aproximando do diretor e cochichando algo em seu ouvido que não pude compreender muito bem. O diretor apenas assentiu e se direcionou a nós:

– Vamos ter que esperar mais 15 minutos – informou-nos. Senti um grande peso sobre minhas costas aliviar-se. Tentei sair daquele set despercebidamente, mais era tarde demais todos eles tinham me visto. Liam se encaminhou em minha direção, que ótimo.

– Olá Milena – disse gentilmente me dando um abraço.

– Oi Liam – falei meio nervosa, acho que ele percebeu meu nervosismo.

– Quanto tempo.

– É – ficou um clima tenso, tipo “cricri”.

– Olha... sei que você não quer mais nada com o Niall, mas quero que saiba que ele sofreu muito – que ótimo, lição de moral, pela quinta vez “Ai Deus, por quê?”.

– E você acha que eu não sofri também? – perguntei calma.

– Sei que sofreu. Mas será se... – prevendo sua pergunta interrompi-o rapidamente.

– Não, Liam – disse séria. – Não me peça isso, eu estou namorando, e não posso misturar as coisas agora.

– Promete que vai pensar pelo menos? – ele estava esperançoso, sabia que se não falasse sim, ele não iria sair da minha cola.

– Prometo – ele abriu seu sorriso e me deu outro abraço, só que apertado. Ui, Milena acalme-se, respira que nem a Vicky te ensinou. Hih hih! Huh huh! (se fala “Rih rih! Ruh ruh!”). Depois disso ele voltou junto com a banda novamente.

O diretor já estava impaciente, chamou o empresário da banda, Simon, e cochichou impaciente em seu ouvido. O que será que estava acontecendo? Não sei se Simon havia me reconhecido, mas seu olhar demorou em mim por uns longos segundos. Vai ver é imaginação da minha cabeça. O assistente chegou e falou algo para o diretor, que mudou sua expressão de paciente para “Aleluia, glória a Deus, amém!”, isso me fez soltar um riso baixo.

– Garotas, posicionem-se novamente! – informou-nos alegre. Parecia um unicórnio saltitante de tão alegre que ele estava.


Posicionei-me novamente no mesmo lugar, arrumei minha câmera. Parecíamos carros de corrida, esperando o juiz dar a largada, assim que o diretor disse “C’mon girls!”, caí de bunda no chão (nem comentem o mico), Niall acabara de entrar pelo set, pela sexta vez “Ai Deus, por quê?”. Seus olhos se encontraram com os meus e não havia mais nada e ninguém, só nós dois.

2 comentários:

Comente! Seu comentário nos dá incentivo para continuar ^-^